Os pouco mais de 60 mil eleitores de Coari, município localizado a 363 quilômetros de Manaus voltam às urnas neste domingo, para eleger o prefeito em eleição suplementar, após a cassação de Adail Filho eleito em 2020. A eleição conta com quatro candidatos, Keitton Pinheiro (PP), do grupo do ex-prefeito Adail Pinheiro, Robson Tiradentes Filho (PSC), José Henrique (PL) e Mil Mitouso (PSB). Em jogo, está o maior orçamento de uma Prefeitura do interior do Estado, cerca de R$ 300 milhões de reais.
A eleição suplementar com a polarização entre Kleiton Pinheiro e Robson Tiradentes Filho estadualizou. Keitton Pinheiro, ex-vereador é membro da família capitaneada pelo ex-prefeito por dois mandatos consecutivos e tio, Adail Pinheiro, cuja influência política no município já perdura há duas décadas, mesmo a despeito de suas condenações na Justiça, cumprindo prisão em regime fechado. Além do tio, Keitton é apoiado por políticos estaduais adversários do atual Governador do Estado, Wilson Lima.
Já Robson Tiradentes Filho, é apoiado pelo seu tio, o radialista Ronaldo Tiradentes dono da Rede Tiradentes com uma emissora de rádio na cidade. Ele conta com apoio aberto do governador Wilson Lima (PSC), cujas ações em Coari são declaradamente pela favorecê-lo, como mudanças na estrutura administrativa do Estado no município e distribuição de benefícios.
Os dois lados cantam vitória por meio de pesquisas alfaiate, feita sob medida para cada um.
Já os outros dois candidatos, José Henrique e Mil Mitouso contam com apoios mais modestos. Mitouso é sobrinho do também ex-prefeito de Coari, Arnaldo Mitouso, contando apenas com PSB.
Coari desde o início de 2000 teve o seu orçamento vitaminado com os royalties do petróleo e gás explorado em seu território, cujos valores anuais superam em muito os orçamentos de várias Prefeituras de municípios no interior do Estado, iniciada justamente no primeiro mandato de Adail Pinheiro.
Foi com este recurso que Adail construiu uma liderança no município. Inflou a folha de pagamento chegando a pagar quase que a totalidade dos mototaxistas da cidade e generosas ações sociais. Os problemas judiciais que enfrentou, foram incapazes de diminuir sua influência na cidade.
Apesar de a Prefeitura de Coari contar com recursos bem superiores, a cidade em si e suas comunidades continuam desassistidas, com péssimos serviços de assistência médica, escolas inadequadas, sem saneamento básico decente, além de outras mazelas administrativas e sociais.
O que menos interessa nesta eleição suplementar é a melhoria de qualidade de vida da população, mas o que o caixa do município pode proporcionar às facções envolvidas. Muito pelo contrário, a curta campanha eleitoral mostrou que o baixo nível imperou na busca desesperada pelo butim como é visto os recursos públicos da Prefeitura.
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