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Desconhecidos perfeitos

O filme é uma adaptação do longa-metragem italiano Perfetti Sconosciuti (2016), que integra o livro dos recordes como a obra cinematográfica com o maior número de remakes.

Redação
Por: Redação
23/03/2021 às 00h35
Desconhecidos perfeitos

O que poderia acontecer se você e um grupo de amigos decidissem, por uma noite, jogarem um jogo do tipo: qualquer mensagem que chegasse aos celulares de todos deveria ser lida em voz alta ou ouvida no viva-voz. Dá um calafrio só de pensar, não? Pois bem, essa é a premissa do filme espanhol Perfectos desconocidos (2017), que elabora o enredo de forma inteligente, com um elenco e diálogos afiados. Aliás, são esses dois elementos que sustentam a trama, que se passa em um único cenário, o apartamento do casal anfitrião.

O filme é uma adaptação do longa-metragem italiano Perfetti Sconosciuti (2016), que integra o livro dos recordes como a obra cinematográfica com o maior número de remakes. Em menos de cinco anos, o longa já ganhou versões grega, coreana, turca, francesa, chinesa, mexicana, polonesa, e está prevista uma americana, com a atriz Charlize Theron. Só a título de informação, já assisti três versões disponíveis no serviço de streaming, e tenho pretensões de assistir as demais. Meu interesse é mais acadêmico, pois pesquiso sobre adaptação cinematográfica e quero observar quais as alterações feitas entre uma versão e outra.

Mas, retomando ao motivo que me levou a escrever a crônica, quero refletir sobre o fato do quão pouco conhecemos os amigos, mesmo os de longa data. A gente sabe que há limites estabelecidos em nossas relações, apesar de não falarmos claramente sobre isso. Temos a consciência de que não conhecemos tudo da vida de uma pessoa, até porque nós mesmos não nos revelamos inteiramente a ninguém, nem mesmo ao cônjuge.

A narrativa de Perfectos Desconocidos mostra como mantemos nosso verdadeiro eu – e quero deixar claro que não falo isso de forma negativa – sob sete chaves, ao mesmo tempo em que, contraditoriamente, temos curiosidade sobre o que está sob a superfície do outro. E o problema reside justamente aí.

Se propuséssemos um jogo desse tipo entre as quatro pessoas mais próximas a nós, o que descobriríamos? E estaríamos preparados para o que se revelaria? Porque é fato que em muitas vezes não falamos o que realmente pensamos sobre determinada atitude de um amigo a fim de não o magoar. Em outras, falamos até demais. Contudo, se o amigo age com a mesma “sinceridade” que nós, sentimo-nos ofendidos.

Em uma ocasião recebi um vídeo sobre amizade. Nele, o palestrante disse que nós sofremos decepções com os amigos porque não compreendemos que há diferentes tipos de amizade. Há amigos da balada, amigos do trabalho e aqueles amigos que estão do nosso lado para o que der e vier (há outros, mas não lembro quais...) e esperar a fidelidade do amigo do peito de um amigo de balada é decepção na certa.

Assim, a receita para não criarmos uma saia justa com os amigos é descobrir a categoria de amizade da qual eles fazem parte... e evitar brincadeiras como a que vemos em Perfectos Desconocidos.

Quanto ao filme – me desculpem o spoiler – este conclui que o melhor é continuarmos na ignorância sobre o que realmente acontece nas relações, pois saber o que acontece pode desfazer casamentos ou amizades de longas datas.

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