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Mais empatia

Talvez se exercitássemos a empatia, poderíamos ter esperanças de nos tornarmos seres humanos melhores.

Redação
Por: Redação
02/03/2021 às 09h22
Mais empatia

Tem uma cena na série The walking dead sobre a qual queria escrever já há algum tempo. A cena em questão ocorre no sétimo episódio da segunda temporada, no qual a personagem Carol reencontra a filha Sophia, que se afasta do grupo após o ataque de uma horda de zumbis. Durante o período de busca pela menina, é latente o medo de que os zumbis a tivessem encontrado (e devorado!) mas também há um sentimento de esperança de que ela estivesse sã e salva.

Porém, antes de entrar no assunto em si, quero abrir um parênteses para aqueles que torceram o nariz quando leram o nome da série logo na primeira linha. Digo isso pois ouço com frequência: “não gosto de filmes de zumbi”, “é só um bando de gente morta perseguindo uns caras”, “ah, lá quero ver povo estourando cabeça de zumbis!”, entre outras frases. Digo a esses: a história é menos sobre zumbis do que sobre os humanos que lutam pela sobrevivência diante de um cenário apocalíptico. É sobre empatia, sobre o que cada um está disposto a fazer para sobreviver, e mais ainda: nesse jogo de sobrevivência o que somos capazes de fazer para garantir nossa vida, salvar a nossa pele? Passamos por cima de tudo e de todos ou conseguimos pensar na dor do outro, além da nossa?

Retomando a cena em questão, uma das melhores em The walking dead - e entre muitas outras séries - ela consiste no momento em que o grupo, do qual Carol faz parte, descobre que o dono da fazenda que os abrigou, Hershel, esconde no celeiro amigos e familiares já transformados em zumbis. Liderados por Shane, amigo de Rick (protagonista da série), a maioria do grupo mata os zumbis, vendo neles apenas aquilo no que se transformaram: mortos-vivos.

Hershel assiste a cena estarrecido, vendo um a um seus amigos, familiares e outros que ele acolheu, receberem balas na cabeça, por meio de um grupo de pessoas que não tinha a mínima ideia do que aqueles zumbis significavam para ele. Quando todos que saíram do celeiro estão caídos no chão, eis que o grupo percebe que sobrou um zumbi, uma criança. É a filha de Carol. Depois do choque inicial, eles baixam suas armas, sem coragem de atirar, afinal, eles a conhecem, estavam procurando por ela, era filha de uma colega do grupo.

Sem diálogo, apenas com imagens, essa cena transmite tanta coisa! Como é fácil tomar certas atitudes e decisões quando as pessoas envolvidas não nos dizem respeito. Somos indiferentes a dor que não é a nossa, como se a dor do próximo fosse menor, menos importante. Talvez se exercitássemos a empatia, poderíamos ter esperanças de nos tornarmos seres humanos melhores.

Digo isso pois após quase um ano de pandemia pela Covid-19, não evoluímos tanto quanto deveríamos. Muitos continuam pensando apenas em si; como salvar sua pele; como lucrar com a desgraça dos outros; como desviar recursos que serviriam para salvar a vida de muitos; como burlar a fila da vacina em detrimento daqueles que estão em grupo de risco. Ou seja, muitos pensando apenas em si. Ainda que pareça, não estamos em um episódio de The walking dead, o que torna a situação ainda mais assustadora.

A vacina está chegando, mas devemos lembrar que ela vai curar apenas o corpo. Talvez os pesquisadores também devessem pensar em uma vacina para a alma, assim haveria esperança para nós.

Quanto ao que acontece com Sophia, para saber o fim dessa cena, vocês vão precisar assistir o episódio...

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